Em meio à vastidão pantaneira, um local de profunda ressonância histórica espera por aqueles que buscam compreender as raízes do Brasil: o Cemitério dos Escravos de Poconé. Este sítio arqueológico emocionante preserva os vestígios do maior cemitério de africanos escravizados do Centro-Oeste, descoberto acidentalmente em 2008 durante obras na periferia da cidade. O espaço, hoje tombado, exibe cerca de 200 túmulos demarcados com pedras de quartzito branco, dispostos em padrões circulares típicos de rituais africanos. Placas explicativas detalham como as pesquisas antropológicas revelaram práticas funerárias originais: corpos enterrados com objetos pessoais (como contas de vidro e fragmentos cerâmicos) e orientados no sentido nascente, simbolizando a jornada de retorno à terra ancestral. Um memorial ao centro homenageia os desconhecidos com nomes comuns da época - Francisco, Joaquina, Antônio - gravados em uma instalação artística de correntes quebradas. Visitas guiadas por mestres da cultura negra local contextualizam o achado dentro da história da Estrada Real que levava o ouro de Cuiabá ao litoral, trajeto onde milhares pereceram. À noite, projeções mapeadas contam histórias baseadas em documentos do século XVIII. O museu anexo exuma artefatos encontrados no local e reproduções de navios negreiros. Poconé, porta de entrada do Pantanal, ganha assim um marco de memória essencial. Trilhas & Rotas te leva a refletir sobre esse capítulo fundamental da nossa identidade, onde respeito e aprendizado se entrelaçam!
Estrada do Cemitério, Zona Rural
5km do centro por estrada vicinal
8h às 17h