Museu de Arte de Santarém

Sobre o local

Em meio às ruas de terra batida e casinhas coloridas de Alter do Chão, o mercado municipal emerge como um teatro vivo onde se encenam diariamente os rituais mais autênticos da vida ribeirinha. Este não é um mercado comum - é um universo sensorial onde cada barraca conta uma história, cada aroma revela um segredo da floresta.

O dia começa com o balé das barraqueiras arrumando seus produtos: pilhas de açaí roxo-escuro em cuias de madeira, peixes prateados que ainda cheiram a rio, e frutas que parecem saídas de um conto - graviola com seu perfume adocicado, bacuri com sua casca rústica e polpa cremosa. Nos cantos, as paneleiras de cerâmica marajoara brincam com a luz do sol nascente.

O coração do mercado bate mais forte no setor das comidas, onde panelas de ferro fundido borbulham com o tucupi amarelo-ouro e o cheiro de maniçoba - essa feijoada amazônica que cozinha por sete dias - se espalha como um convite irrecusável. Aqui, o visitante pode experimentar o verdadeiro ritual do jambu, quando a folha anestesia a boca antes do primeiro gole de tacacá.

À tarde, o mercado se transforma em oficina criativa. Artesãos entalham madeiras, trançam palhas e transformam sementes de jarina em joias que carregam o DNA da floresta. Nas bancas de ervas, os pajés urbanos prescrevem unguentos e banhos que são farmacopeia viva da Amazônia.

Quando o sol se põe sobre o Tapajós, o mercado acende suas luzes e vira palco. O carimbó toma conta do terreiro, enquanto turistas e nativos se misturam em rodas de dança, dividindo cuias de açaí e histórias. Neste momento mágico, compreende-se que o mercado não vende produtos - ele oferece experiências que ficam gravadas na memória como os desenhos das cerâmicas marajoaras.

Trilhas & Rotas - revelando os mercados-vivos do Brasil. Para mais experiências autênticas: @trilhaserotas.br

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